As reformas.
As pensões.
A seca.
A Europa.
A política.
O Não.
Os jornalistas.
Os comentadores.
Os dirigentes.
O futebol.
*sigh*
Depois da Feira
Vão vagos pela estrada,
Cantando sem razão
A útima esp'rança dada
À última ilusão.
Não significam nada.
Mimos e bobos são.
Vão juntos e diversos
Sob um luar de ver,
Em que sonhos imersos
Nem saberão dizer,
E cantam aqueles versos
Que lembram sem querer.
Pajens de um morto mito,
Tão líricos!, tão sós!,
Não têm na voz um grito,
Mal têm a própria voz;
E ignora-os o infinito
Que nos ignora a nós.
Fernando Pessoa, Cancioneiro
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