31 maio 2005

O tempo, Portugal e os Portugueses

Será que o que quer que o tempo seja é diferente para nós por sermos Portugueses?
Será que o que conta mais é o que o tempo é ou pode ser ou o que nós somos e (não) podemos ser como Portugueses?
Há pouco tempo o Presidente da Comissão Europeia - um Português de seu nome José Manuel Durão Barroso - dizia a propósito de um outro Português, também ele José (um tal de Mourinho) que este último não era um Português típico porque não era modesto, envergonhado e tímido (podem consultar toda a notícia aqui).

Bom... isso já se sabia há uns tempos. Pelo menos desde que alguém aprisionou a alma Portuguesa em poucas palavras, desta forma:

Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!

E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.

Grécia, Roma, Cristandade,
Europa - os quatro se vão
Para onde vai toda a idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?

E siga para o eterno retorno... será que o que quer que o tempo seja é diferente para nós por sermos Portugueses?
Ou o tempo é sempre diferente e nós somos sempre Portugueses?

30 maio 2005

Conversas sobre o tempo

Algumas coisas que o tempo pode ser: ventoso, pouco, uma falsa questão, cronometrado, designar as semanas de gravidez.

Ora, segundo o dicionário, a palavra tempo provém do latim tempus e é um substantivo masculino que pode ser utilizado para exprimir:

duração limitada, por oposição à ideia de eternidade;
período;
época;
sucessão de anos, dias, horas, momentos, que envolve, para o homem, a noção de presente, passado e futuro;
meio indefinido onde se desenrolam, irreversivelmente, as existências na sua mutação, os acontecimentos e os fenómenos na sua sucessão;
certo período determinado em que decorre um facto ou vive uma personagem;
oportunidade;
ensejo;
estação ou ocasião própria;
prazo;
duração;
estado atmosférico;


O tempo pode ainda ser o que fazemos dele (esta definição não é minha...) e muitas coisas mais.
Em boa verdade parece-me que o tempo constipa-se passado um tempo. E quando julgávamos que a sua definição concreta e universal assentava perfeitamente na nossa compreensão, o próprio tempo encarrega-se de a tornar obsoleta e ridícula.
Deste modo aqui fica a minha definição de tempo neste momento: período que não temos para nós para, por exemplo, ir ao judo, ir nadar, namorar e conversar com os amigos numa mesa cheia de cerveja e burriés.

Amanhã o tempo vai perguntar ao tempo quanto tempo o tempo tem. E o tempo vai-lhe dizer que o tempo tem por tempo o tempo que o tempo tem. E vai espirrar e morrer no minuto seguinte.

A razão do nome...

os sonhos do mundo.
Podia perder algum tempo com explicações metafísicas, esotéricas.
Podia até escrever um testamento interminável acerca da proximidade semântica entre a expressão do nome do blog e...
Mas não vale a pena.
Para que se vão habituando à economia de palavras neste espaço, aqui fica a razão: é uma homenagem, singela.

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

Tabacaria, Álvaro de Campos